segunda-feira, 11 de maio de 2015

Colorindo...

Estava cansado, o trabalho de hoje havia sido extremamente desgastante e irritadiço. Seu chefe, de mal humor por estar perdendo clientes para a revista concorrente resolvera descontar tudo nele: um mero estagiário, que precisava daquele emprego para concluir o curso e diminuir, mesmo que pouco, as despesas da casa. 
Ignorar os berros do seu chefe foi extremamente fácil: sua cabeça estava a mil, perdida em diversas obrigações, a faculdade, o estagio e o novo emprego que ele arranjara para tentar se manter sem ajuda dos pais. O cansaço lhe corroía, tudo lhe martelava a cabeça. Estava tão introspectivo em si que quase não notou a moça que sentou ao seu lado, dando a sorte de pegar o último lugar no ônibus que dentro de minutos estaria lotado. Quase não notou. 
Mas essa moça era diferente. Roupas escuras, cabelo colorido em tons de roxo e azul e olhos cansados rodeado por olheiras. Mas ainda assim, bonita. 
Quase não a notou, mas ela possuía um forte magnetismo a visão, ela não passava despercebida. Mas ele evitou olha-la, apenas por educação, mesmo querendo estudar aquele rosto intrigante. 
O ônibus andou, seu ponto era o penúltimo, estava longe, a noite caia e as luzes da cidade começavam a acender, mas ele, é claro, não notou. Estava perdido demais em seu cansaço rotineiro. A moça sorriu, parecia ter sorrido para ele e isso ele notou pois aquela garota era magnética a visão. Ele olhou para a moça espantado e constrangido, ao perceber que ela não sorria para ele tentou virar o rosto, mas ela agora o encarava e era impossível, até mesmo para ele que não nota nada, ignorar o olhar dela. Um olhar sorridente e cansado, pois seus olhos assim como os dele estava envolto de pesadas olheiras. 
"É lindo, não é?" Ele a ouviu dizer, mas não pode processar aquilo. Nada de lindo havia ali, exceto ela com sua beleza excêntrica. 
"Desculpe, mas o que é lindo?" 
"Isso." Falou a moça apontando para a janela do ônibus. 
"Há sim, é uma bela janela." disse ele, já começando a duvidar da sanidade da moça. 
"Sim, as janelas são bonitas, mas eu falava da cidade. " 
"Da cidade?Como poderia essa cidade imunda ser bela? " 
"Você não é do tipo que observa. "Disse ela. 
"Sou muito observador, sim senhora! Todos dizem isso!" Disse ele irritado. Que petulância daquela moça de olhos cansados e cabelos coloridos lhe desqualificar! 
"Desculpe, senhor" Falou sincera. "Mas será que observa as coisas certas?" 
"O que quer dizer " Definitivamente aquela moça não era sã. 
"Sabe... a beleza dessa cidade imunda e violenta, quando anoitece e as luzes se acendem num ritual diário como se as pessoas dissessem uns para outras: 'Estou aqui, veja minha luz continua a acender, eu continuo vivo! ' ou a beleza desse ônibus lotado, cheio de pessoas cansadas que lutam o dia inteiro por um sustento, uma vida melhor, uma chance e que amanhã vão continuar na luta, porque são fortes e mesmos cansados ainda vivem... vivem lutando na esperança de vencer. O senhor observa a beleza disso?" 
"Não tenho tempo para isso. " Respondeu sucinto. 
"Ah! Que pena. Mas sabe, a falta de tempo tem sua beleza, mas ela é uma beleza triste. Enfim, adeus, tenha uma boa noite. " E graciosa, a moça de olhos cansados e cabelos coloridos levantou e foi vencendo a floresta de gente que agora era o ônibus. E ele ficou ali, atônito. Já não era mais o estagio, a faculdade ou o trabalho que lhe martelavam a mente e sim as palavras da moça. 
Seu ponto chego e ele desceu do ônibus, mas dessa vez ele notou. Notou o rosto cansado de cada um, a alegria de alguns, a tristeza de outros. Notou que o ponto onde ele sempre desce estava apinhado de gente cansada pelo longo dia. Notou as ruas cheias, as pessoas cheias do tudo e do nada , a cidade viva. Notou tudo aquilo que sempre lhe escapara e pensando o quanto aquela moça de olhos cansados e cabelos coloridos era maluquinha, ele notou a vida. 

domingo, 3 de maio de 2015

Resenha: Extraordinário

            Esse livrinho tão bem falado pelas críticas narra a história de August Pullman, o Auggie um garoto com  uma síndrome muito rara, que lhe causa deformações no rosto. Mesmo após inúmeras cirurgias, Auggie continua com o rosto muito deformado, narrado no livro como um rosto tenebroso. “Para nos poupar desse horror”, o rosto de August não é descrito no livro.
            O livro começa quando Auggie descobre que seus pais querem coloca-lo em uma escola comum, o que imediatamente assusta o garoto, pois ele sabe que o seu rosto chama atenção e não é de maneira positiva. É um ano de mudanças para a família Pullman: Auggie vai para uma escola comum e Via, a irmã mais velha de August, vai para o ensino médio.
            De um jeito maravilhoso e encantador Palacio narra a vida e as dificuldades, não só de Auuggie mas de todos que estão ao seu redor. Dividindo o livro em partes, cada uma é narrada por uma personagem relevante no livro. Cada personagem tem seu jeito de escrever, narrar e de ver a história, o que torna o livro muito dinâmico.

            No final, a conclusão é unanime: Auggie é um guerreiro assim como todas as pessoas que vivem e “botam a cara no sol”. Extraordinário é um livro excelente para se repensar a vida e passar a ver as coisas de um outro ângulo. Super-recomendo!



Autores: R.J.Palacio
Tradutor: Rachel Agavino
Numero de paginas: 318
Editora: Intríseca